Batman, o Homem-Morcego, o maior herói da DC Comics, faz parte da cultura pop há mais de oito décadas. Batman não é dotado de poderes sobre humanos, e tem uma história de vida marcada pela dor e perda.
Ao buscar transformar suas sombras internas em catalisadores para um bem maior, e tomar controle dos seus reais desejos ao vestir a capa do Homem-Morcego, Bruce se liberta do papel social que o define publicamente, mas que não foi escolhido por ele: o peso de uma vida herdada para ser trilhada nos holofotes do poder, consequência de uma tragédia que clamou a vida de sua família, e o despiu de seu livre-arbítrio.
Desistir dos negócios da família Wayne significaria deixar o povo de Gotham à mercê de uma aristocracia corrupta, movida pela ganância, que enriquece às custas do abuso de poder. Abrir mão de seu alter ego seria aceitar a morte lenta de sua real personalidade, tornada socialmente impotente pelo gozo do supérfluo que seu dinheiro proporciona.
Como Batman, ele despreza os símbolos do estilo de vida que Bruce representa, pois aprende que a opressão dos fracos e o abuso de poder são elementos que podem criar monstruosos e perigosos párias sociais – como a maioria de seus arqui-inimigos, do Coringa a Mulher Gato, colateralidades da “máquina” da ganância de Gotham. LEIA MAIS SOBRE A TRAMA DO FILME CORINGA
Maturidade
A maturidade do personagem é atingida no arco narrativo criado por Frank Miller, em O Cavaleiro das Trevas. Considerada a história mais importante no cânone do Batman, é nela que ele passa a ter a percepção de que a linha que separa um herói de um vilão é tênue, e que ser bom ou mau são conceitos humanos, portanto subjetivos e falíveis.
Os maiores desafios do herói em mais de oito décadas, e diversos arcos narrativos, são sempre os mesmos: conciliar suas personas, Bruce e Batman; aceitar que suas tendências violentas e sádicas, assim como sua compaixão e desejo de justiça, são o que o fazem humano, e o capacitam empaticamente em lutar pela harmonia do coletivo.
Origens
O artista Bob Kane e o escritor Bill Finger apresentaram o Homem-Morcego, o Cavaleiro das Trevas e O Melhor Detetive do Mundo em 1939, na HQ chamada Detective Comics, edição 27.
Inspirados pelo Homem Vitruviano cunhado por Leonardo da Vinci, que seria a melhor versão do ser humano, física e intelectualmente, Bruce Wayne é a representação dos dois universos que podem existir dentro de cada pessoa.
Em 2019, foi anunciado que Batman ganhará uma nova encarnação nas telas do cinema. É Robert Patterson, que depois do sucesso com os filmes da saga Crepúsculo, construiu um currículo elogiado em filmes alternativos e de foco artístico, quem dará vida ao mítico personagem.
Vingança 8.0
Na nova trilogia do Batman, que estreia em junho de 2021, o foco da narrativa será uma imersão em seus “reais” superpoderes: sua muito humana habilidade de juntar pistas, seu intelecto, recursos financeiros, resiliência e determinação, talhadas na dor, para tornar-se o ” Melhor Detetive do Mundo”. O filme tem o título temporário de “Vingança”.
“Batman não é um super-herói”, disse Robert Pattinson em entrevista à revista Variety. “Você precisa ter poderes mágicos para ser um super-herói. Ele confia puramente em tecnologia e força para aumentar suas habilidades”, declarou ele, que considera o Batman o único defensor fictício do qual é fã.
“Batman não é um herói (como os outros). Ele é um personagem complicado. Acho que ele nunca poderia ser totalmente um verdadeiro herói – sempre deve haver algo um pouco errado com ele”, disse Pattinson quanto à sua percepção sobre o personagem.
Ser o Batman é um dos papéis mais sonhados pelo ator, desde quando assistiu aos filmes do Homem-Morcego criados por Tim Burton.
“É a única fantasia de herói que já usei”, revelou, aos risos, depois de explicar que não teme a rejeição do público, como aconteceu com Ben Affleck antes de Batman versus Superman.
Noir
Pattinson, que será dirigido por Matt Reeves, que também assina o roteiro, dispensou agentes e empresários para entrar em contato com o cineasta, quando soube que o projeto retrataria um Bruce Wayne mais jovem. Ele demorou para conseguir um teste, e quando ganhou o papel, Pattinson estava, curiosamente, trabalhando no set de filmagens de uma produção de Christopher Nolan, o diretor da trilogia de O Cavaleiro das Trevas, que rendeu o Oscar póstumo de melhor ator coadjuvante a Heath Ledger.
Reeves disse ao site do The Hollywood Reporter que a ideia para os filmes é conduzir a história sob “um ponto de vista noir”. Além de Robert Pattinson, o elenco também inclui Zoe Kravitz como Mulher-Gato, Paul Dano como Charada, Colin Farrell como Pinguim, John Turturro como Carmine Falcone, Jeffrey Wright como o Comissário Gordon, Andy Serkis como Alfred e Peter Sarsgaard como Harvey Dent / Duas-Caras.
Fonte: saraiva